Livro didático em Tupi-Guarani

Indígenas criam livro didático em tupi-guarani para alfabetizar crianças, quatro professoras desenvolveram um livro didático em tupi-guarani na aldeia Tapirema, em Peruíbe, no litoral paulista.

Instagram: indios_do_brasil

De acordo com Guaciane Gomes, que é liderança na comunidade e professora há nove anos, a falta de materiais para ensinar os mais novos dificulta o aprendizado e a relação dos indígenas com sua cultura. Ela teme que a língua se perca pela falta de suporte e incentivo.

“A gente fica muito preocupado em perder a língua tupi-guarani, porque a tecnologia afeta muito os jovens, e às vezes acaba até prejudicando. Eles não querem saber de estudar, da cultura, e isso é uma realidade das comunidades”, relata a professora. OBSERVATÓRIO 3º SETOR

O livro foi produzido por três professoras indígenas e uma não indígena, a documentarista Karen Villanova, que começaram a produzir o material no fim de 2019 e levaram uma semana pensando em todos os detalhes. Cada professora contribuiu de uma forma diferente, desde a tradução até o design gráfico.

O material didático é voltado a crianças na fase de alfabetização, e o conteúdo é baseado na cultura indígena com histórias sobre comida, animais, e uma sequência de ordem alfabética. “É um livro para ensinar a língua e estimular a criança a buscar traduzir as palavras que ela não conhece e pesquisar com uma pessoa mais velha”, descreve Guaciane.

Ela conta que outro livro didático em tupi-guarani já havia sido elaborado na aldeia Piaçaguera, que também fica em Peruíbe, há quatro anos. No entanto, o material era focado em gramática, então não era próprio para a alfabetização das crianças.

Apesar de pronto, o livro ainda não foi publicado por falta de recursos. De acordo com Guaciane, o projeto foi enviado à Funai, mas ainda não tiveram resposta.

Para Karen, a experiência na comunidade indígena mudou sua vida. Segundo ela, viver a rotina da aldeia lhe trouxe muitas reflexões. “Ver a forma como as coisas são organizadas, como são feitas as reuniões, e como a vida pulsa de uma forma mais natural, mais humana dentro da aldeia, foi bem importante, bem emocionante”, relata a professora.

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